segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Senhor Bom Jesus do Potim

 

A imagem do Senhor Bom Jesus de Potim, padroeiro de nossa cidade, representada Jesus nesta cena descrita por São João Evangelista. É a imagem de Jesus todo ensangüentado, coroado de espinhos, com o manto carmim sobre os ombros e uma palma (cana verde) em suas mãos que seus algozes colocaram durante a sessão de castigo físico, ordenada pelo governador Pilatos, na tentativa inútil de comover e convencer a plebe a libertar Jesus. Esse tipo de imagem para representar o “Ecce Homo” (eis o homem) já era comum na então Capitania de São Paulo no século XVIII, em quatro santuários que têm imagens semelhantes à de Potim, mas em tamanho natural. São eles: Senhor Bom Jesus de Iguape (1647), Senhor Bom Jesus de Tremembé (1669), Senhor Bom Jesus de Perdões, (1706) e Senhor Bom Jesus de Pirapora (1724). Havia, também, uma imagem do Senhor Bom Jesus venerada no Páteo do colégio, em São Paulo.
Em Potim a imagem mede 56 centímetros de altura, é de madeira pintada, fixada a um pedestal de nove centímetros. Acredita-se que seja a mesma adquirida por Miguel Corrêa dos Ouros e que tinha fama de milagrosa. Essa fama e a constante procura pela imagem levou ao casal Miguel Corrêa dos Ouros e Isabel Pereira dos Ouros a resolver edificar uma capela para expor a imagem e liberar seu culto. Naquele tempo, para se construir uma capela havia certas normas que precisavam ser cumpridas. As Resoluções primeiras do bispado da Bahia, baixadas em 1707, exigiam que para a construção de uma capela fossem doadas terras que iriam constituir o patrimônio da referida capela, para sua manutenção. Esse patrimônio territorial em volta das capelas deu origem a muitos povoados pelo Brasil afora. As pessoas poderiam construir em volta das capelas desde que pagassem o aforamento, ou seja: uma taxa ou uma espécie de aluguel do terreno. Esse dinheiro iria, então, possibilitar a manutenção do templo. Miguel Corrêa doou 100 braças de terra da testada ou: de frente para o Rio Paraíba, por 600 braças de sertão ou de fundo, em escritura recebida pelo padre Antônio Ramos Barba, no dia 22 de junho de 1771. O Vigário Capitular da Diocese de São Paulo, Padre Matheus Lourenço de Carvalho, despachou favoravelmente o pedido de ereção da capela a 20 de setembro de 1771. Em 16 de agosto de 1772 a capela já estava pronta e o Vigário de Guaratinguetá, Padre Firmino Dias Xavier, celebrou a primeira missa. Mas tarde, em maio de 1773, o mesmo vigário demarcou o adro da capela (52 passos de comprimento e 26 de largo) e o benzeu para cemitério. Esse antigo cemitério devia estar situado em frente e onde está a EE Prof. José Félix. Têm-se notícia de que as máquinas, quando estavam realizando trabalhos de escavação em frente à escola achavam ossadas de defuntos no local. A capela foi construída em parte pelo processo de taipa pilão e o restante de pau-a-pique. Acredita-se que essa pequena capela tenha durado até a construção da atual, que foi construída sobre a primeira, a partir de 1914, tendo sido construída em 1924. Em 1772 fazia 27 anos que tinha sido inaugurada pelo Padre José Alves Villela a Capela do Morro dos Coqueiros, dedicada a Nossa Senhora Aparecida.
Nessa época. A fazenda da Miguel Corrêa dos Ouros (78 alqueires) tinha ligação direta com a Vila de Guaratinguetá e de Pindamonhangaba, passando pela fazenda de José Corrêa Leite. Em torno da capela, acomodaram-se em toscos casebres de pau-a-pique prestadores de serviço, negros forros, pescadores e pequenos agricultores. O povoado foi crescendo aos poucos. Por ocasião da independência (1822) temos notícia da existência de prósperos engenhos 
produtores de açúcar e plantações de café, além do cultivo de produtos de subsistência. Nesse ambiente mordorenho viveu a população de Potim. Em 1894 os redentoristas, já instalados em Aparecida, realizaram a primeira romaria à capela do Senhor Bom Jesus de Potim. Deploraram o estado da capela e dos paramentos litúrgicos. Receberam ajuda de próspero morador do povoado que doou dinheiro suficiente para melhorar a situação da capela. Em 1911, Potim recebeu a visita ilustre do dinâmico bispo D. Epaminondas Nunes de Ávila que estimulou em todos
os povoados em que passou durante sua visita apostólica a criação da Conferência de São Vicente, inclusive em Potim. Os reverendos padres redentoristas alemães de Aparecida, no afã de atender melhor a população católica do bairro, solicitaram a D. Epaminondas autorização para construírem uma capela maior. Obtida a autorização, delegaram ao Padre Antônio de Lisbôa Fischhaber a tarefa de projetar e construir nova capela ao Senhor Bom Jesus.

Prof. Luiz de Moura